Sistema Conselhos apoia inclusão de pacientes surdos no atendimento odontológico; aplicativo gratuito já está disponível para download
05/12/2019
Em apoio à inclusão de pacientes surdos no atendimento odontológico, o Conselho Federal de Odontologia (CFO) fortalece, com o apoio dos Conselhos Regionais, a divulgação do aplicativo gratuito “OdontoLIBRAS” criado para facilitar a comunicação e informação odontológica para pessoas surdas em atendimento emergencial ou consulta de rotina. O aplicativo está disponível para smartphones com sistema operacional Android e a partir de 2020 estará disponível em sistema IOS.
A inclusão social de pacientes com necessidades especiais, presente na missão precípua dos Conselhos de Odontologia, vai ao encontro do projeto de pesquisa desenvolvido pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), que resultou na criação do aplicativo. Entre as professoras que conduziram o projeto de pesquisa está Maria Celeste Morita, da Comissão de Educação do Conselho Federal de Odontologia. O trabalho foi realizado no Departamento de Medicina Oral e Odontologia Infantil, do Centro de Ciências da Saúde (CCS), da UEL.
Segundo Maria Celeste Morita, o aplicativo é fruto da transferência de tecnologia para a sociedade, a partir da inovação, produção de conhecimento e responsabilidade social. “O aplicativo, disponível para cerca de 328 mil dentistas brasileiros, nasceu da necessidade concreta na Clínica Odontológica da Universidade. Esse atendimento sempre esbarrou na comunicação, como fator que impedia o acesso desse segmento aos procedimentos odontológicos. o curso de Odontologia da UEL não tem, por exemplo, professor fluente na Língua Brasileira de Sinais (Libras)”, explicou.
É importante ressaltar que projetos de inclusão social de pacientes com necessidades especiais são relativamente novos, a partir do marco regulatório para a área. No entanto, não basta apenas a legislação, sendo necessária a criação de medidas efetivas para que a inclusão seja efetiva. A relação entre profissional da odontologia e pessoas surdas acaba deixando tanto o paciente quanto o Cirurgião-Dentista em situação de vulnerabilidade. Por isso, o OdontoLIBRAS surgiu com a proposta de suprir essa necessidade.
O OdontoLIBRAS para celular foi desenvolvido em parceria com a Universidade Aberta para o Sistema Único de Saúde (UNA-SUS), criada em 2010, e a Universidade Federal do Maranhão (UFMA) que detêm expertise na produção de protótipos para dispositivos móveis. A iniciativa também conta com apoio da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (ABENO). Na UEL, o Odonto Libras envolveu professores e estudantes da Odontologia, do Design Gráfico e do Departamento de Educação.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registra que o Brasil tenha cerca de 10 milhões de pessoas com deficiência auditiva, ou seja, 5% da população do país, o que inclui pessoas surdas.
Funcionamento
O aplicativo é dividido em duas partes. A primeira é o questionário da anamnese, subdividida saúde geral e inquérito odontológico. No questionário, o paciente informa estado de saúde, medicamentos em uso e doenças. Essas respostas geram um arquivo em pdf para compor o prontuário do paciente. A segunda parte do OdontoLIBRAS consiste em descrever os termos linguísticos da odontologia. O Odonto Libras lista os termos em duas abas: instrumentos e procedimentos. Conforme explica a professora Maria Celeste, existem catalogadas cerca de 5 mil palavras no campo semântico da Odontologia. "Esses termos não existem em Libras e precisam ser descritos para a pessoa surda. No aplicativo, os termos não são apenas traduzidos, mas também descritos e explicados para a pessoa surda”, explicou.
O diferencial dos vídeos no APP está no fato de ter sido gravado por um intérprete surdo, cujos sinais e expressões atingem mais facilmente o paciente surdo. A língua Libras executada por um intérprete ouvinte pode apresentar variações. A expectativa é que o aplicativo OdontoLIBRAS inspire outras áreas da saúde, para que novos produtos sejam desenvolvidos para melhorar a qualidade da comunicação entre pessoas surdas e profissionais da saúde de diferentes especialidades.
|Fonte: Ascom CFO [Por Michelle Calazans - Com informações da Agência UEL]
|Fotos: Agência UEL