
Halitose: Aproximadamente 90% das causas estão na cavidade bucal
25/07/2025
A halitose é um sinal de que algo não vai bem no organismo ou, mais comumente, na cavidade bucal. É um problema de saúde com consequências sociais, econômicas e psicoafetivas sérias, que no Brasil aflige aproximadamente 30% da população, ou seja, cerca de 60,9 milhões de pessoas. O importante é que os pacientes se conscientizem de que a condição tem tratamento. Por esse motivo, o Conselho Federal de Odontologia e os 27 Conselhos Regionais de todo país alertam para a importância da Odontologia no correto diagnóstico e tratamento do mau hálito.
O secretário-geral do Conselho Federal de Odontologia, Roberto de Sousa Pires, especialista em Saúde Pública pela Universidade Estadual do Pará (UEPa) e pós-graduado em Tratamento de Halitose, destaca que, embora não seja considerado uma doença, o mau hálito é um problema que deve ser tratado com seriedade, uma vez que pode afetar não somente a saúde bucal, como também a autoestima e as relações sociais. Dessa forma, o tratamento é fundamental para a qualidade de vida geral do paciente.
“Apesar de frequente, muitas pessoas desconhecem as verdadeiras causas da halitose, sendo que ainda persistem mitos de que ela esteja associada a problemas estomacais, por exemplo. A verdade é que em mais de 90% dos casos, a origem está na própria cavidade bucal. Por isso, é fundamental uma avaliação criteriosa por parte de um cirurgião-dentista, que poderá identificar a origem do problema e indicar o tratamento mais adequado”, complementa o secretário.
O que é halitose?
A presidente da Associação Brasileira de Halitose (ABHA), a cirurgiã-dentista Karyne Magalhães, explica que o mau hálito é uma alteração do odor que sai pela boca, narinas ou simultaneamente via boca e narinas do paciente. Existem mais de 60 origens possíveis para essa condição, podendo ser simples ou mais complexas, que variam desde a má higiene oral até efeitos de patologias crônicas.
O cirurgião-dentista, homeopata, professor e membro da ABHA, Mário Sérgio Giorgi, explica que a halitose pode ser classificada como clínica e subclínica, também denominadas como objetiva e subjetiva. A halitose subclínica ou subjetiva, ocorre quando o paciente sente o odor desagradável na boca, embora esse não seja identificado por terceiros ou em avaliações clínicas. Frequentemente associada a quadros de ansiedade, essa condição pode exigir atendimento psicológico e/ou psiquiátrico.
Já a halitose clínica ou objetiva é sentida pelo cirurgião-dentista no exame organoléptico, na halitometria com equipamentos que quantificam os compostos sulfurados voláteis e, principalmente, por pessoas que convivem com quem tem o mau hálito. Essa condição exige investigação aprofundada para identificação das origens. A halitose pode ser oral ou extraoral, advindo da própria cavidade bucal, das vias aéreas superiores ou de outras regiões do organismo. Da mesma forma, o mau hálito fisiológico está associado a diversos fatores.
Principais causas
A halitose possui característica multifatorial, sendo que as principais causas estão dentro da cavidade bucal. Como exemplos, podem ser citados o desequilíbrio bacteriano do ambiente da boca, má higiene dos dentes e a presença de matéria orgânica estagnada na língua, próteses fixas, removíveis e implantes, além de doenças periodontais e outras alterações bucais, como por exemplo, as disfunções salivares.
Entre os fatores mais comuns para o desencadeamento da halitose está também a hipossalivação, que pode provocar xerostomia (sensação de boca seca) e os maus odores na boca. “As disfunções salivares podem comprometer a qualidade do hálito, visto que a saliva é a maior protetora bucal com sua capacidade antimicrobiana, aglutinadora e com ação de depuração”, complementa a presidente da ABHA, Karyne Magalhães.
O tabagismo, uso excessivo de medicações, consumo de drogas e bebidas alcoólicas e a utilização de soluções para bochecho com álcool na composição estão entre os fatores comportamentais que causam mau hálito. Além disso, a origem do problema pode ser fisiológica, incluindo-se jejum prolongado, dietas descontroladas ou hábitos de alimentação inadequados, presença de placas bacterianas retidas na língua ou amígdalas, além de doenças ou alterações das vias aéreas (adenóides, rinites, sinusites, cáseos, e etc.).
O mau hálito também pode ter razões sistêmicas ou patológicas, podendo ser desencadeado pelo diabetes, problemas renais ou hepáticos, entre outros. “Não somos bons avaliadores do nosso hálito, sendo que qualquer um pode ter e não saber. Mas como este é um sinal ou sintoma de desequilíbrio no organismo, o ideal é não ignorar e procurar um profissional cirurgião-dentista habilitado para identificar o problema e tratar de uma forma séria e efetiva”, alerta o cirurgião-dentista Mário Sérgio Giorgi.
Acompanhamento odontológico é fundamental
O secretário do CFO, Roberto Souza Pires, destaca que pessoas de qualquer idade e sexos estão sujeitas a sofrer de halitose e dos sérios prejuízos pessoais, emocionais e até mesmo profissionais desencadeados por ela. A pessoa com mau hálito pode desenvolver neuroses, traumas e ser vítima de situações de exclusão social, sendo que nestes casos é fundamental um atendimento multidisciplinar para inclusão da assistência psicológica no tratamento.
“Os pacientes, muitas vezes, sentem-se perdidos quanto ao enfrentamento da halitose e recorrem a práticas que podem, no máximo, mascarar o problema. Há casos, inclusive, em que o quadro pode ser piorado, como por exemplo, quando essas pessoas buscam fazer uso de enxaguantes bucais com álcool. O importante é que se conscientizem sobre a importância da busca por um cirurgião-dentista, que poderá diagnosticar e realizar o tratamento, fornecer as orientações adequadas e devolver qualidade de vida aos pacientes”, reforça o conselheiro federal.
Hábitos diários para prevenção da halitose
O CFO esclarece que o combate e prevenção ao mau hálito exige também cuidados pessoais com cavidade bucal, sendo importante o comprometimento do paciente com a manutenção de uma boa rotina de higienização em casa, conforme orientado pelo cirurgião-dentista que o estiver acompanhando no tratamento.
Além da escovação dos dentes e da limpeza interdental para que sejam alcançadas também as gengivas, um dos principais cuidados da rotina de saúde bucal para o controle da halitose é a remoção mecânica da saburra lingual, prática que melhora inclusive a percepção de sabores. O cirurgião-dentista e professor Mário Sérgio Giorgi explica que a limpeza da língua deve ser realizada de forma delicada.
“Segure a ponta da língua com uma gaze, puxando-a delicadamente para fora. Assim você exterioriza a língua e consegue limpá-la em toda sua extensão. Faça movimentos do fundo para a frente, de forma que a saburra vai sendo depositada na gaze. Também é recomendável que o paciente utilize o limpador lingual e uma escova de perfil baixo, própria para limpeza de língua. Os instrumentos devem ser utilizados de forma intercalada: limpador - escova de língua - limpador”, complementa.
A Associação Brasileira de Halitose (ABHA) reforça ainda que o primeiro passo no combate ao mau hálito é a prevenção. São recomendados hidratação adequada, alimentação balanceada e bem mastigada, controle do estresse e da ansiedade, além de evitar a automedicação. Ao perceber qualquer alteração ou aviso de que o hálito está comprometido, a pessoa precisa buscar ajuda e realizar visitas periódicas ao cirurgião-dentista, seguindo as recomendações do tratamento indicado.
Campanha Nacional de Combate ao Mau Hálito
A Associação Brasileira de Halitose (ABHA) realiza todos os anos a Campanha Nacional de Combate ao Mau Hálito, que começa em 22 de setembro e segue até 25 de outubro, Dia do Cirurgião-Dentista. O tema deste ano é “Mau hálito constante indica problema de saúde”.
O Conselho Federal de Odontologia apoia a campanha, que neste ano tem como objetivo conscientizar a população sobre a halitose, incentivando a busca por tratamento e a promoção de hábitos saudáveis.
A ABHA reforça a importância do cirurgião-dentista no tratamento do mau hálito e destaca a necessidade de especial atenção aos casos de mau hálito persistente, que podem indicar problemas de saúde mais sérios e exigir acompanhamento médico.
Fonte: CFO